SANTOS
Na nossa chegada a Santos. Santos (cidade do Pelé) é uma baía a Este de São Paulo, na costa. Basicamente todas as pessoas com dinheiro em São Paulo têm casas de fim de semana na costa, tanto em Santos, como em Guarujá, ou espalhadas pela costa a norte até São Sebastião e consequentemente Ilhabela. Santos é talvez a "menos bonita" já que é casa do maior porto de toda a América Latina, tendo como horizonte movediço para quem está sentado à beira mar, cargueiros enormes cheios de contentores. É graças a este fluxo de carga que São Paulo se enche de camiões no meio da cidade. Um projecto está pensado desde há 30 anos atrás para construir uma circular que circunde São Paulo, para que os camiões não tenham que entrar dentro dela e contribuir com a maior parte da poluição atmosférica.
Enfim, Santos tem um problema de areias e alicerces pelo que se pode claramente ver os enormes prédios todos tortos, lembra Amesterdão em ponto grande! É lei no estado de São Paulo construir arranha-céus separados uns dos outros, logo torna-se ainda mais visível a falta de apoio de quase todos os prédios. Infelizmente não tirámos nenhuma fotografia deste detalhe (onde é que estávamos com as cabeças!), mas garanto que concretizei o meu sonho de beber água de coco de dentro do mesmo à beira da praia!
Dizem que Guarujá (de costas para o porto porque a zona faz uma espécie de península) é mais bonito porque já tem mata atlântica e é praia de surfistas.
Btw, esta foto foi tirada num pequeno ilhéu numa das pontas da baía. Colado a Santos está uma zona muito pior frequentada chamada São Vicente, por onde Gaspar de Lemos entrou no Brasil em 1502. A vista no topo desta ilha sobre a baía de Santos é inesquecível.
Adiante...
Esta é a praia de Santos... Ao entardecer. A areia é quase pó e quando molhada fica preta e muito dura, pelo que os pés nunca enterram na areia. A partir das 5 da tarde, todo o areal se enche de campos de futebol improvisados. É quase impossível passear pela praia!
RIO DE JANEIRO
Aqui a grupeta de gringos está a chegar à praia do Corcovado no Rio de Janeiro. Da esquerda para a direita os mais visíveis: Marcel de costas, já voou para a Cataluña (que não é em Espanha! França talvez?), Callie Starkey de Birmingham e o seu sotaque de uma língua parecida ao inglês, Federico, eu de costas, Diego Magri o arquitecto que não fala inglês por isso confraterniza com os gringos todos dizendo apenas "ok", e Vero Lara do Equador.
Aqui já sentadinha em Copacabana a confraternizar com os gringos e a dizer "não" a cada 2 minutos. É incrível como os vendedores ambulantes nos rodeavam! Era bikinis, sungas, pareos, brincos, tatuagens, gelados, cervejas, águas, e agora vem o mais estranho: churrasco! gambas cozidas com o molhinho de ketchup e a maionese ao lado! ostras! Enfim, a colecção de laxantes...
Na primeira noite fomos até um mercado no bairro de São Cristóvão. Comida, banda local e muita cachaça. Eu e o Marcel (os dois visíveis do lado direito), porque éramos muitos, conseguimos um acordo com o senhor do restaurante de forma a fazer as caipirinhas a 3R50, equivalente a 1€50!! Mais tarde passámos por uma barraquinha onde era ainda mais barato! Eu bebi uma caipirinha feita com uma cachaça óptima, mas até agora ainda não voltei a ver a garrafa em lado nenhum :-( ...
A seguir à feira decidimos ir a uma discoteca local que me foi indicada por um casal ainda dentro da feira. Os meninos pagavam 10R à entrada e as meninas nada. Era uma espécie de armazém muito velho, onde passavam funk(i) e R&B. Parecia festa de universidade pois era tudo malta nova e tanto as caipirinhas e a cerveja (choppe) estavam a 1R!!! Imaginem o meu estado no dia a seguir...
Pois é. A subida para o Corcovado foi altamente sinuosa, por isso, como estava a explicar, para mim foi o calvário subir até ao topo, incluindo os últimos 200 degraus, e ainda por cima encontrar o Nosso Sinhór naquele estado. O único que se via eram algumas piscinas, mesmo por baixo da montanha, de casas particulares, e era só quando as nuvens abriam uns buracos de quando em quando... Pior do que uma peregrinação a Fátima de joelhos, enfim...
Isto é assim. Na realidade fomos nós que quisemos criar uma daquelas imagens de ilusão óptica. Para conseguirem ver Nosso Sinhór Jesus Cristo no Corcovado têm que ficar especados durante 30min de cabeça para baixo enquanto tocas com a língua na ponta do nariz, e depois começar a andar com a cabeça de um lado para o outro a piscar os olhos, aí vocês vão conseguir ver a aura no Nosso Sinhóre nas cores na bandeira gay!Definitivamente vou ter de lá voltar. É tão frustrante como chegar a Nova Iorque, subir ao topo do Empire State Building (agora de novo o edifício mais alto da ilha) e o terraço estar coberto por uma grande nuvem...
A mostrar os meus dotes futebolísticos no estádio do Maracanã. Eu tirei uma foto ao molde dos pés do nosso grandioso Eusébio, mas não sei por onde anda essa foto...
Ah! Isto é uma relíquia meus amigos! Quem já veio ao Rio de Janeiro e foi a uma escola de samba? Aposto que nenhum! Desafio-vos! Foi BESTIAL! Esta é das melhores, é a Salgueiro, e foi desbundar do início ao fim: 5 horas a dançar samba, ou pelo menos a tentar! Realmente quem mo disse tem toda a razão, quanta mais caipirinha no sangue, melhor se dança! Na verdade foram só duas (se bem que uma era um caipirão de meio litro!), que com tanta dança nem apetecia ter o estômago pesado, só dava vontade de beber pelo calor humano que ali se formou.
Os organizadores, Renata do meu lado esquerdo e Diego do lado esquerdo da mexicana Graciela, (o sorriso Colgate que está lá atrás não faço a mínima ideia de quem seja...) disseram que nós fomos o melhor grupo de todos os anos, nunca viram tanto gringo, 50 dos quais 15 eram alemães (!), a dançar non-stop toda a noite, completamente misturados com os cariocas. O ritmo da percussão é inigualável, entrou no coração e nunca mais saiu!
Na verdade o que não esquecerei jamais é que magreza não é beleza. Aparece a rainha da percussão lá no alto, na varanda onde estava o grupo todo. Há quem diga que era "chubby" mas ali celulite não havia ponta! Pernão o triplo do meu, grande rabão e peitos a sair do decote num soutien preto, com um vestido estampado com flores tão curto que se lhe via a "calcinha" preta toda!! Mas era linda! Sorriso Colgate, cabelos castanhos claros ondulados impecavelmente penteados que caiam pelas costas, olhos amendoados, e com um ritmo que quem lhes dera a muitas modelos. Pensarão que, ou foi um rapaz que escreveu isto, ou eu virei lésbica, mas para os esquecidos nós mulheres reparamos todas umas nas outras, embora 99% das vezes seja para dizer mal! É certo que ao início estava chocada, mas talvez me tenha rendido a todo aquele ambiente carioca de samba.
A dada altura da noite abriram a bandeira sobre os que se encontravam a dançar em frente ao palco, foi bestial estar a dançar o samba debaixo da bandeira com toda a gente de braços no ar a levanta-la sobre a cabeça!
E eis o dia da despedida. 50 gringos de cerca de 25 países, ressacados mas contentes de se ter encontrado num local de sonho, e de ter passado por uma aventura inesquecível!
Au revoir!
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